"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 13 de julho de 2016

"O viver em colônias" [Parte 9 - A lenta urbanização]

O ouro de Minas Gerais escoava pelas trilhas do sertão, chegava à Colônia do Sacramento, nas margens do rio da Prata, e daí seguia para os portos dos dois lados do litoral do Atlântico Sul. Por vezes, ao longo dessas trilhas nasceram povoados ou vilas, articulando regiões distantes.


Vista da Lagoa do Boqueirão e do Aqueduto de Santa Teresa, ca. 1790,  Leandro Joaquim

Em seu livro clássico Evolução urbana do Brasil (1500-1720), o historiador da urbanização e arquiteto Nestor Goulart Reis Filho assim definiu os traços gerais desse início de urbanização, em que as praças das aldeias, vilas e cidades centralizavam a vida social, econômica e religiosa da colônia:

"As praças acolhiam, desde o início, muitas das principais atividades dos núcleos urbanos; realizavam-se nelas reuniões religiosas, cívicas e recreativas e atividades de comércio, como feiras e mercados. As povoações mais humildes, como as aldeias de índios ou paróquias reunidas em torno de modestas igrejas isoladas, desenvolviam grande parte de suas funções nas praças, as quais, por isso mesmo, eram sempre seus locais de maior importância e muitas vezes a origem das próprias povoações. Em princípio, em frente às igrejas, onde a população se reunia após os ofícios religiosos, abriam-se largos, capazes de acomodá-la, e frequentemente se desenvolvia o comércio, que aproveitava dessas reuniões."

MOTA, Carlos Guilherme; LOPEZ, Adriana. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: Editora 34, 2015. p. 241-2.

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