"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O carnaval abre alas

Cena de carnaval, Debret

Em 1899, as ruas do Rio de Janeiro enlouqueceram dançando a música que inaugurou a história do carnaval carioca.

Esse alvoroço debochado se chamava Ó abre alas: um maxixe, invenção musical brasileira, que ria das rígidas danças de salão. A autora era Chiquinha Gonzaga, compositora desde a infância.

Aos dezesseis anos, os pais a casaram, e o marquês que depois seria o duque de Caxias, foi padrinho do casamento.

Aos vinte, o marido a obrigou a escolher entre o lar e a música:

- Não entendo a vida sem música - disse ela, e saiu de casa.

Então seu pai proclamou que a honra familiar tinha sido manchada, e denunciou que Chiquinha havia herdado de alguma avó negra sua tendência à perdição. E a declarou morta, e proibiu que em sua casa o nome daquela desguiada fosse mencionado.

GALEANO, Eduardo. Os filhos dos dias. Porto Alegre: L&PM, 2012. p. 51.

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