"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cenas cotidianas nas pinturas das tumbas egípcias

¹ Pescadores. Tumba do vizir Mereruka, VI dinastia, Saqqara

Quando vemos as grandes estátuas de pedra e as magníficas pinturas de belas cores nas paredes dos túmulos, podemos imaginar o modo de vida dos egípcios daquela época. Certamente as pinturas não são uma reprodução exata da realidade. Por exemplo, dois objetos que deveriam estar um atrás do outro em geral são representados um em cima do outro. Os personagens têm posturas rígidas. Seu corpo é visto de frente, mas as mãos e os pés são representados de perfil, o que lhes dá uma aparência de imobilidade. Mas o modo de vida de então é reproduzido nos menores detalhes. Vemos, à beira do Nilo, homens apanhando patos com grandes redes, remando seus barcos ou pescando com arpões¹. Eles também aparecem desviando água para os canais a fim de irrigar os campos, levando rebanhos de vacas² e cabras para pastar, batendo o grão e cozendo o pão, confeccionando calçados e roupas, soprando vidro [...], fabricando telhas e construindo casas. Também vemos meninas jogando bola ou tocando flauta, soldados partindo para a guerra ou voltando dela com estrangeiros capturados [...].

² Rebanho de bovinos: túmulo de Thutmosis IV

Nos túmulos dos nobres, vêem-se emissários estrangeiros chegando carregados de presentes, ou o faraó entregando condecorações a seus fiéis ministros. Vêem-se também defuntos rezando, com as mãos levantadas, diante de imagens de suas divindades. Também aparecem representados em sua casa, por ocasião de festins, no meio de cantores acompanhados por harpa ou saltimbancos fazendo cabriolas³.

³ Cena de banquete: músicos com alaúdes e flautas. Detalhe da tumba de Nebamun

GOMBRICH, Ernst Hans. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2012. p. 29-30.

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