"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Memória cultural: catedrais europeias

Temas religiosos similarmente dominaram a arte europeia no período medieval (aproximadamente 1000-1300), quando a Igreja era a força dominante na sociedade europeia e a principal patrocinadora das artes. Embora os temas religiosos ditassem o assunto das pinturas e esculturas, como as figuras da Virgem Maria, de Cristo e dos santos, a religião inspirou gênios artísticos, mais visíveis na arquitetura monumental das catedrais. Conforme as cidades cresciam e floresciam, seus residentes construíram belas e impressionantes igrejas que eram tanto monumentos à riqueza e ao orgulho urbano quanto eram a casa da divindade cristã.

Catedral de Saint Pierre

Um dos mais celebrados desses monumentos foi a catedral francesa de Saint Pierre, em Beauvais, cujo arco excedia 46 metros, tornando-a a mais alta das igrejas góticas. Tendo ruído duas vezes, essa catedral nunca acabou de ser construída. Ela ainda é um exemplo impressionante do orgulho cívico e do fervor religioso que produziam tais artes. As catedrais representavam a unidade das funções sagradas de outras formas também. Elas serviam suas comunidades como refúgios para os desabrigados e pobres, dessa forma, materializando as virtudes éticas esperadas pela comunidade cultural mais ampla, mesmo quando os cristãos não viviam nas áreas imediatamente circundantes da estrutura. Mais importante ainda, seus artefatos materiais e sua arquitetura serviam para transmitir a tradição religiosa. Eles retratavam histórias e crenças essenciais na forma de painéis de narrativa decorada nos componentes arquitetônicos. A exposição e tais informações visuais, exibida ao longo de gerações, mantém os detalhes das escrituras e o poder simbólico de suas crenças vivos na mente das pessoas que a visitavam.

GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 286-287.

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