"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 28 de junho de 2011

A mulher na Idade Média

Pintura mostrando um casal na intimidade durante o Período Medieval


Texto 1


"Na opinião geral dos homens da Idade Média, as mulheres eram naturalmente “inferiores”. Um nobre do século XIII (...) ao indicar os cuidados necessários na educação de filhas jovens, revela-nos parte desse preconceito. Para ele a primeira virtude a ser ensinada às meninas deveria ser a obediência.

(...) Uma moça deveria, isso sim, saber fiar e bordar. Se fosse pobre, precisaria saber para sobreviver e, se fosse rica, ainda assim deveria conhecer tais atividades para administrar o serviço de seus empregados domésticos. (...) Todas, de um modo ou de outro, encontravam-se aprisionadas aos laços familiares, sendo esposas, mães, filhas ou viúvas". MACEDO, José Rivair. Viver nas cidades medievais. São Paulo: Moderna, 1999. p. 54.

Texto 2

"...nos tempos feudais (...) atribuía-se à coroação da rainha tanto valor quanto à do rei (...). Essa rápida visão do papel das rainhas dá uma ideia bem exata do que se passou com as mulheres. (...)

Somente no século XVII [quando a Idade Média já tinha acabado] a mulher toma obrigatoriamente o nome do marido. (...)

Certas abadessas [chefe das religiosas de um convento] eram senhoras feudais cujo poder era respeitado do mesmo modo que o de outros senhores. (...) Administravam, muitas vezes, vastos territórios com cidades, paróquias. (...) As religiosas dessa época (...) são na maioria mulheres extremamente instruídas. (...)

Os registros de impostos (...) de Paris, no fim do século XIII, mostram uma multidão de mulheres exercendo funções de professora, médica, farmacêutica, tintureira, copista, miniaturista, encardenadora etc.

Não é senão no fim do século XVI, por um decreto do Parlamento, datado de 1593, que a mulher será afastada explicitamente de toda função no Estado. [Aos poucos, é reforçada a ideia de] confinar a mulher no que foi sempre seu domínio privilegiado: os cuidados domésticos e os filhos." PERNOUD, Régine. Idade Média. O que não nos ensinaram. Rio de Janeiro: Agir, 1994. p. 101-118.

Texto 3

"A sociedade feudal era um mundo predominantemente masculino. As mulheres eram consideradas física, moral e intelectualmente inferiores aos homens e estavam sujeitas à autoridade masculina. Os pais promoviam os casamentos das filhas. As moças de famílias aristocráticas casavam-se geralmente aos 16 anos, ou ainda mais jovens, com homens muito mais velhos; as jovens aristocratas que não se casavam tinham, com frequência, de entrar para um convento. A mulher do senhor estava a mercê do marido; se o aborrecesse, podia ser espancada. Mas a senhora do castelo desempenhava funções importantes: distribuía tarefas aos criados; preparava remédios; conservava alimentos; ensinava às jovens costurar, tecer e fiar; e, apesar de sua posição subordinada, era responsável pelo castelo na ausência do marido. Embora a Igreja ensinasse que os homens e mulheres eram preciosos aos olhos de Deus e que o casamento era um rito sagrado, alguns religiosos viam as mulheres como agentes do demônio, sedutoras malignas que, como a Eva bíblica, levavam os homens ao pecado. PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma histórica concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 161-162.

Documento: Pecados de mulher

[uma virgem olhando-se no espelho] ... ri para ver se o riso a favorece..., semicerra os olhos para ver se ficará melhor assim ou com os olhos bem abertos, entreabre o vestido para mostrar a sua pele, afrouxa o decote para mostrar os seios. O corpo está ainda em casa, mas, perante Deus, a alma já está em um prostíbulo, adornada como uma meretriz que se prepara para enganar a alma dos homens. Jacques de Vitry (c. 1180-1240), Ad virgines, Sermo I. Citado por CASAGRANDE, Carla. La mujer custodiada". In: DUBY, Georges & PERROT, Michelle, dir. Historia de las mujeres: La Edad Media - La mujer en la familia y en la sociedad. Madrid: Taurus Ediciones, 1992. p. 118.

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